28 dezembro, 2006

Numa madrugada

foto: Ritinha R.


Levanta-se a âncora

Numa madrugada
Aí vem o vento,
E novas marés...

Brisas coloridas
Embrulhados aromas
Frescos sabores
Menta e limão

Teu navio
Está no cais
Pintado d' azul
À espera dessa rota.
.

21 dezembro, 2006

Adulto Autista

foto: Ritinha R.

Difícil é nem perceber
Que um dia se tropeça
Nessa ignorância
Mesmo só nossa.

E esse dia volta
E irá voltar...
Endireita-te Corrimão !
Que o navio encalhou...

07 dezembro, 2006

O Poeta

foto: Ritinha R.

Semeando sonhos
Acendeste paixões
Num parto matinal

Caçador de descobertas
Ávido de saber

Trouxeste o vento
Estendido na mãos

Caminhas agora descalço
Vestindo utopias
Ao sabor da corrente.
.

26 novembro, 2006

Mundo virtual

foto: Ritinha R.

Num espaço de viagens
Vagueiam seres

De imagens em fantasias
Buscando sonhos

Na ilusão do mar de rosas
A lutar contra o tempo

Atiram-se de cabeça
No amorfo vácuo

Nascem personagens
Efémeras falecidas

No ecrã e na mente
Acorda o aborrecimento

Cresce a desilusão
Decepcionada nessa vida.
.

16 novembro, 2006

E eu quem sou ?

Nem sou príncipe encantado
Nem engenheiro

Sou alérgico a vírus!
Por isso médico está fora de questão.

Adoro Cavalos
Menos os de tróia!

O meu carro ?
É vermelho e do século passado,
Calmo e bêbado por natureza.

E eu quem sou ?

.

Pedra Fria sobre o Mar

Oiçam a gravação em guitarra,
Tocado ao vivo na toca do Lobo...



.
Em caso de ...
instalem o firefox
.
Get Firefox!



11 outubro, 2006

menina Sarasvati


Ó ninfa guardiã dos artistas
Como tenho eu saudade
Do nosso verde.

Saborear teus temperos
Sentindo a filosofia...

Perder-me nos vales
Cantos de júbilo...
Desaguando em teu mar.
.

30 setembro, 2006

Mas quem és tu ?










foto: linda jonsson


O Senhor Mas

Dançou em senhoras
Ao som da dúvida

Mas sem mais nem poquê
Entraram as divergências
Janela adentro

Céptico por natureza
E criativo de raiz

Chamavam-lhe em pequeno

O menino Talvez

Constante incógnita
Desde tenra idade.

.

28 setembro, 2006

Diz crente nos astros


Descrente nos astros
Ó senhor carente !
Se trazes no bolso
A ideia duma estrela.

Já foi nessa onda
Onde o mar é fonte
A sussurrar nos búzios
E tu na ponte
D' areia sem sal.

Diz crente nos astros
Senhor ilustre !
Os bolsos nas mãos
E a ideia.
.

13 setembro, 2006

Foi Talvez

Foi talvez a Noite
Que te veio buscar
Só que tinhas saído
Pelos atalhos da vida
Entre muros e muralhas
Escondida...
.

27 julho, 2006

Quem sou ?

Adoro ruas desertas
E os miúdos que brincam
Nas margens do jardim

Fogueiras e guitarras
Que ardem nas noites
Seja verão ou inverno.

Adoro acampar
Com mantas ou sem elas
Sentir o vento e trincar o sol

Mergulhar nos rios
Ouvir água a cair ao adormecer
Bebê-la ao acordar.

Sentir a vida
Como se fosse um garoto
Andar descalço e dormir no chão.
.

20 julho, 2006

pedaços de Vento










Em dias cinzentos
Escondeu-se o azul

Nas poças d' água
Perdeste o pé

Veio o Ontem
E o Depois

Num dia abafado
Queimado em frente

Sopra-te o Vento
Agita-se de costas

Veio Agora
E virá Depois.
.

Por aí adentro

Adormece a noite
Sem parar o silêncio

Murmurando
No manjar do tempo

Ali na ponte
Despiram-se pétalas

Em beijos e sonhos
No Baloiço presente.
.

13 julho, 2006

À deriva

Nos destroços desse Navio
Onde o sentido se perdeu

Teus pés gelaram
À espera d' Aventura

De punhos cerrados
Pendurado no Acaso

Será q' ainda te lembras
Do que procuras ?

Talvez te encontres
Se a Descoberta naufragar

E nem houve tempestade !
Era só imaginação

Nos destroços desse Navio
Onde o sentido se perdeu.
.

10 julho, 2006

Cozinheiro de palavras

Sei que saboreias
As imagens que pinto
Ao esculpir palavras
Que dançam nas marés.

Temperei-as com sal
E fervi um pouco d' água
Enquanto a noite dormia
Fui cozinheiro de letras.

E foi assim
Que elas se juntaram
Neste pequeno doce final.

))...)(

dedicado à Ninfa de Mértola





05 julho, 2006

Trincar o tempo presente

De navio nas mãos
Encontrei tuas marés

Agarra-te perto
Ó Intimidade

Meu desejo
Está escrito

Viver aqui
O Agora

Vir a saber
Quem és.
.

29 junho, 2006

Sem rótulo, obrigado !



Até gostei desse teu vinho
Embora não beba

E se bebesse
Talvez não desse por ele.

Nem quero a garrafa,
Nem a caixa

Nem tão pouco
Esse embrulho

E muito menos
Os laçarotes

Esses dispenso.

O que quero mesmo
Corre-te nas veias

É esse teu vinho
Embora não beba.
.

Menina confiança

Certo dia
Bati-lhe à porta
Ela não estava !

Soube depois
Tinha ido de férias.

Azar ?
Azar é falar nele !

Foi procurar
A minha inocência.

Perdeu-se,
Ainda pequena
Enquanto bebia azul.

Estava sentada
À espera
Que caísse o céu.

E até choveu
Só que...
O céu não caiu.

Soube depois
Tinha ido de férias.
.

27 junho, 2006

Reflexões noctívagas

Ali sentados
Onde o tempo parou
Redondo e agreste
Café plantado na noite

Aqui obliquo
De lado,
Entra o ar fresco
Da brisa lá de fora.

No meio do fumo
Saltam tampas
Acendem-se cigarros
Fumam-se pretas
Todas se bebem verdes
Geladinhas,
Boémias repentinas.

Em meados desse momento
Fala-se em perder
Na vida prostituta
Curta e comprida.

Houve desespero,
Um tempero desiludido
Lá se foi tua mãe
Fugiu tua mulher
Pai que nunca chegou
Será pior perder uma mãe?
Ou uma mulher?

Mãe é mulher,
E toda a mulher,
Virá um dia
A ser mãe
Se o quiser.

O Pior ?
O pior mesmo,
É quando nos afecta
E entra porta adentro
Fechamos a porta,
E...
Lá está na janela
Com mil raios !

Aí é a costura do tempo
O fosso cinzento
O ai que me dói !
Ao través dissimulado
Quando me calha a mim.

.

25 junho, 2006

Interrogações à porta fechada

Quis oferecer soluções
Embora as desconheça.

Desejei esbanjá-las
Para atordoar tristezas
Florescendo possibilidades.

Centrado num mundo próprio
Em que sou estranho
Aparecem-me intrusos
A contaminar invasores.

Saberá o engano,
O talvez da peste
Enclausurada neste espaço.

Guardo até poeira e pó
Sem os proliferar.

Depois virá o dia,
Em que os vou sepultar.
.

Metamórphosis

Parado o Navio
Lancei a âncora
Atracado na foz
Onde desaguam águas
Deixo as margens,
E mergulho.

Por momentos sou rio
Ao sabor da corrente
Conta-me ele uma história,
Viu certo dia uma nuvem
Pequenina,
Leve pluma branca
Espelhada nas águas.

Seu trilho seguiu
Até ela desaparecer.
Pelo meio das pedritas
Chorou nessas noites
Lágrimas sem rumo
Na rota da foz.

Sua frescura dinâmica,
Na áspera saudade
Acabou por aquecê-lo
Emergindo nevoiro em vapor.

Ao romper d' aurora
Choveu,
Caíram pingos e gotas
Seu leito transbordou.

Afogando sua tristeza
Nos remoinhos solitário
Entre a geada que sobrevoa
No parto das manhãs.

Ao culminar da tarde
Nevou,
Um Manto hirto crispado
Gelou seus lençóis
Nos declives acentuados.

Ao passar arqueado,
No arcos daquela ponte,
Focado no precipício
Nesse vago instante.

Captou a pura essência
Entre ele e a nuvem
Em neve ou em chuva
Diferentes formas.
Única matéria.

Uma só,
Água.
Subindo falésias
Descendo rápidos

Voando,
Ladeada de pássaros
O mesmo ser uno.

.

23 junho, 2006

Ao sabor das palavras

Respiro e sinto-as,
Se é que te soltas
Quando escreves.

Ou a poesia te conhece,
Ou dorme em teu leito.

Ainda se lembra ela,
Profundidade inexplicável,
Brilho e mil sombras
Três cores e seu sabor
Viveram seus dias na arte.

E a poesia está aí
Dentro de ti.
.

22 junho, 2006

Pequena Romã

Acordo a pensar
Na pequena romã
Outrora colhi-a.

Sonho sem saber
Levá-la de volta à mãe

Ó pequenina romã
Quis desistir de Ti

Fi-lo uns dias
Deixei-te mesmo Ali

Agora voltaste
Rosidinha
A cantar frescura

Quero encontrar-te
Doce brisa em fruto
Numa verde maçã.

.

20 junho, 2006

Senhor Cotão

Discute-se o sexo dos anjos,
Coçam-se os umbigos...

E,
A galinha da vizinha
Nunca a vi !

Também,
Desconheço se pôe ovos !

Agora,
Se todos o dizem
Eu acredito !

Ela é de facto,
Melhor que a minha .

Será !?
É, é
Até apareceu nas notícias,

Sim, Sim
Veio na televisão

Pois,
Houve inté um jornalista,
Altamente conceituado
Escreveu aquele artigo

É verdade pá
A galinha da vizinha
É melhor que a ... minha
Mas !?
E tu viste-a ?
Eu não !

Assim surge o Senhor Cotão
Nasceu embriagado.
.

13 junho, 2006

Senhor efémero

Ó senhor efémero !
Volúvel insatisfeito

Num ritual aborrecido,
Trespassas felicidade
Doente e cansada.

Vives hoje fugaz,
Frívolo inconsciente.

Ó pasmaceira
narcótica !
Teu culto fútil,
Provoca dores d' barriga.

Abutres te levem,
Estéril planta.

Abandonado relento
De ruína em ruínas
Sem pó nem andas.

.

12 junho, 2006

Contradições Áridas

Encontrei um menino
Num campo de flores
pequenino e puro
Soprou-me ao ouvido

Quis ser,
Transparente
Alma branca
Pura fantasia.

Descansar em paz
Em pequenos detalhes
Ver crescer a magia
Dum grande monumento.

Fui Rocha fechada
Temperamento inerte
Desejo fresco
De ser transparente
E medo de me queimar,
Se assim o for.

Interna contradição
Na teoria das desculpas
Enterrada que vens,
Ó mentira salpicada.
.

10 junho, 2006

Desenhos em Risco

Até podes esboçar
Um rabisco d' alguém
Que conheces de perto.

Ou criar uma garatuja
Dum ente querido
Com quem vives.

Agora,
Figuras inflamáveis,
Dum Deus que desconheces.
Na tua falsa fé.
Nunca.
Nem por sombras
E Jamais uma caricatura
Dum profeta d' outrém
Que ouviste dizer, que disse
Em tempo nenhum, o viste
E muito menos, sem o sentires.

Do teu Ocidentes Intolerante
Invadiste-lhe o espaço
Saqueando sua casa
Raptaste seus filhos.

À luz dum furto d' Estado
Numa ignorância oscidária
Ó Morte desdentada !
Vai Xenófobo cifrão
Em sede de poder
Hegemonia Acorrentada.

Desenhaste com um fósforo
A sepultura da liberdade
Asfixiaste o respeito
Sufocando possíveis diálogos.
.

Produto inflamável

E vens-me falar
De liberdade d' expressão
Incongruente Ocidentário.

Ó Arrogante Letal!
Dizes à boca cheia
Que tais horizontes orientados
Desrespeitam o Homem
Apedrejam Mulheres
Pois!

E tu dólar Oscidário
Papel incendiário
Que matas teus homens
Em cadeiras eléctricas
Exploras Mundo fora
Trabalho infantil
Liquidando quem,
Contigo discorda.

Ocidentários medianos
Dois pesos, duas medidas.

Olha-te ao espelho
Ocidentário d' olhos vendados
Olha-te ao espelho
Tens a cara borrada.

Elabora-se as leis
Para o lado de lá
Só p'rós outros
Eles terão de as cumprir
Os órfãos de país
Sem água, nem pão

Ó Oscidário
Tás com as patas,
Nesse formigueiro
Julgando-os a todos,
Oriantados horizontes
Como clones do mal.

O melhor mesmo,
É lavares tuas mãos
É que estão manchadas,
De sangue e morte.

Vai lá p'rá tua casa,
Brincar à democracia.

Vomita o teu medo
Que subiu ao poder
Com o teu voto político.

Esquece o lucro,
Que a guerra te dá
E abastece o teu carro
De capitalismo
É teu, é económico.

Vais ter de cuspir,
Torres gémeas d' extintores
Se vais apagar este incêndio.
.

08 junho, 2006

Ousadia em movimento

Vai profeta viajante
Semeando escolhas

Rotinas à deriva
Anarca em pensamento.

Dormes hoje, numa cama
E amanhã, no chão.

Tens Leme nas mãos,
Vulcões e tempestades.

Iças velas, surgem ventos
Alçado traquete, sem convés

Flutuando em ciclones,
Na proa do ensejo.

.

07 junho, 2006

Linha d' Utopias

Nem à esquerda
Nem à direita
Quero viver Arestas !

Nunca no centro,
O centro é só um ponto !

E jamais no céu,
Esse longínquo animal !

É no mar,
Nessa Linha do horizonte !

De longe e perto,
Nada é tão certo.

...

03 junho, 2006

Temperos Silvestres















Tive-te nas mãos
Água nascente

Temperas meus dias
Fresca Flor de sal

Visto tuas sombras
Ventilada
frescura

De cima dum ramo
Atiro-me ao rio.

Dissolvo-me nas águas
Bebo nosso sal.

31 maio, 2006

Liberdade genuína

É tudo
O que aqui não disse.

E sê-lo-á tudo
Que virei um dia a dizer.

É só
É isso.





Volto a publicá-lo,
Dedicado à menina MD e ao irmão golfinho.»

29 maio, 2006

Escravatura Moderna

Sentado em cima do kaos
Observo o pânico,
E o medo em pantufas.

Deixo-os trepar às paredes
E saio,
Pela porta de trás.


))...)(
Mano golfinho,
Que o mar continue,
A naufragar escravaturas
E a dar à luz ondas de liberdade.

25 maio, 2006

Cabelos de Trigo

É delicioso sentir
A Primavera
Que me desvendas
Dia após dia
Com tanto carinho.

No Outono cais em mim
Nas folhas secas
De cores amenas
Que m' aconchegam.

E foi aí
Cabelos de Trigo
Que o tempo parou
À tua espera.


))...)(
Estas palavras ao Sul,
dedico à Ninfa de Mértola,
Beijinhos princesa. »


24 maio, 2006

As máscaras

Outrora na noite,
Outra viagem

Nada se ganha,
Sem perder

O porquê dorme,
Acordam incógnitas

Sombras descalças,
Vestidas numa certeza

Lobo na rua,
Cotovelo da dúvida

Desconhece-lo-ás
Enquanto o julgares predador.

17 maio, 2006

15 maio, 2006

Marinheiro de sonhos

Aí vens tu
Ó Marinheiro !
De mãos firmes
Num navio
De sonhos colorido.

Corre-te nas veias,
O mar salgado
Ondas d' entusiasmo.

Olhar fundo
Penetras horizontes
Ruguita na testa
Desgastas o tempo

N' alto mar ancorado
Mergulhado em profundezas
És Tesouro desconhecido.

De quando em vez
Sobes à superfície
Inalas sofrego
O ar fresco.

Aí vens tu
Mente azul
Verdes à tona.

Terra firme t' encontrou
Irmão golfinho
Plantas Primavera
Nos dias de Outono.

Trazes ventos de sonho
Na proa e no convés
Brisas dum pensamento.

Mística silvestre
És cores,
És Brumas,
Corais mágicos.

Aí vens tu
Ó Marinheiro !
Num navio.


«...dedicado ao irmão golfinho,
quem me deu a conhecer,
este marinheiro de sonhos.»

06 maio, 2006

Manhã encalhada

Do pouco que sei
Nunca soube nada

Queimei-te a língua
Sequei-te os lábios

Atiraste-me ao canto,
Costura horária
No avesso tempo

Mesmo sendo selvagem
Ofereci-te mel fresco

Envias-me o nada
Embrulhado em vazio

Quis rasgar-te
Nos estilhaços da memória
P'ra te desmembrar

Despido d' outras soluções
Sacudi a Ira,
Enviei-te o silêncio
Cortado em pedaços

Entre entretantos
Vesti-me de luto
P'ra enterrar a desilusão.
.

04 maio, 2006

Por cima do prisma

Que Deus nos Dê
Sanidade mental

Sentir o pulso à vida.

Em cada Dilema
Um Desafio
Refresco de Saídas.

Em cada Utopia
Um Sonho

Uma Força
Flecha luminosa
Com "ganas" de mudança
Essa ideia positiva.

No avesso do frio
Despir tristezas

Amarguras fermentadas
O elixir da vida

Descansar no sono
Ancorado em paz.

No presente o coração
O alvo no futuro
O passado num flime mudo
Branco no preto
Choro cómico de riso.

Lamber a felicidade
Em minúsculos momentos

Nas derrotas
Uma grande Vitória

Amar o diabo
Em visão d' anjo

Trincar soluções
No tacto d' arestas
Filtrar hipóteses
Na sombra de problemas

Servir fome ao vazio
Ao arco-íris
Saciar a sede.


26 abril, 2006

Sabedoria

















Ó Senhor Saber,
Areia dia a dia.

Ali ao lado esperas,
A Paciência.

Toleras o incongruente,
Nas esquinas.

Soubeste criar fonte,
De E
quilíbrio
Num deserto.

Houve mesmo quem
Ao saber-te assim
Pensasse.

22 abril, 2006

7 Pés 100 Casa

Pé descalço
Gelado chão
Cinco palmos de terra
Obscuros
No calcanhar da noite.

Três pedaços de cartão,
Cobertor imaginário
Na ilusão dos dedos,
Escorrega naco de broa.

Perdes o pé,
Numa miragem
Entre farrapos de rua.

Lavras nas avenidas
Faina do tira tira
Nem trigo nem gente.

Sete pés sem casa
Curas tuas feridas,
No pó do chão.

14 abril, 2006

Ode à Ignorância

Ó Ignorância
Atropelaste o Saber
Numa passadeira.

Choras num beco sem saída,
Tédio desilusão.

Auto-estrada do Aborrecimento
Sentido único do cifrão.

Subiste ao Poder
No cu das elites
A feder Estupidez.

07 abril, 2006

Cá estou no Navio

Cá estou no Navio
Ao longe mal se vê
Cá dentro perdem-se as medidas.

De dia ao leme
À noite deitado
Roda ele por mim
Na faina diária.

Durante a luz
Meus dedos o movem
Por vezes pára
Atiro a âncora
Lança-se a prancha
Distribuem-se redes.

Salto borda fora
Sem rumo
Aposto no incerto
Vim ver
Vou de visita
Um novo Porto
Só no prazer do sentir

Iça-se a âncora
Na recolha da prancha
Puxam-se as redes.

Embarcam alguns
Ficam outros por momentos
Os restantes vivem lá
Na ilha do Jamais

Poucos permanecem
Na margem das memórias
Novos cheiros coloridos
À deriva no acaso

Cá estou eu no Navio
Ao longe mal se vê.

31 março, 2006

1/2 Palavra 5 imagens

Pinta Pintor
De sons o vento.

Estende Escultor
Navio nas nuvens.

Ó Escritor
Canta Canticos.

Mergulha Músico
Na dança d' tempo.

30 março, 2006

Visita inesperada

Conhecer Deus
Tempo pés de gigante,
Encontrado o amor,
Nascem cores
Falam D' ele
Cantam sem saber,
Sua existência.
Respirando a cada passo,
Sua presença.


«...dedicado à menina do gelo,
Que destes dois grandes
E inseparáveis amigos,
Me tem falado. »

21 março, 2006

Sopa de riso

Rir
Talvez,
Elixir d' juventude,
Perfume d' vida.

Encontrá-lo-ei
A trincar a saúde
No destino escolhido.

Lavar as costas,
Em tempestades,
Girar o leme.

E subir de lado
Saltar por baixo

Olhar é ,
Em todas a direcções,
O foi sê-lo-á
Um novo sorriso.

11 março, 2006

Dedos no jogo

Fecho-me em copas
Perco os ases
Atropelam-se duques
Órfãos do poder
Fogem as damas
Em busca de reis.

Entro no jogo
Sem trunfos
Viro as cartas
Dedos bruscos
Caras vidradas
Paus atravessados
Sigo o jogo
Agora, com espadas.

10 março, 2006

Metamorfose miniatura


Saio da cama
Geme o frio
Evapora-se o calor
Lá se vai a paz
Aí vem a tensão.

Isso era ontem
Hoje o dia é outro
Estou de pé
Aguardo a aurora

28 fevereiro, 2006

Será assim ?

O ar é amor,
Água em vida,
Veste-se, despe-se
De tantas cores...

Está sempre lá
Apesar de por vezes,
Evaporado em silêncio,
Ficar guardado...
Até alguém o encontrar.


palavras soltas,
dançaram,
meus pensamentos,
nasceu uma pergunta,
será assim? O amor...

18 fevereiro, 2006

Nómada viajante

Essa estrela que amas,
Está dentro de ti.

Brilhante e livre,
Nómada viajante.

Só as memórias,
Nos pertencem.

Sonhar é liberdade,
É agir eternidade.




«...inspirado em pensamentos
E agora...onde te procuro?
da menina Lena...»

16 fevereiro, 2006

Branca Pluma
















Mágicos silêncios
Desvendas

Mistérios Primavera
Ornamentas

Verdes raios
Azul quente chão

Cintilantes sombras
Demarcas

Flutuante Vitral
Passos d' paixão

Sentir-te chegar
Sem te ver

Essa paz dançou !
Inesperadamente.


«... à princesa Ahnitir,
minha querida mana,
que brilhem dias soltos em paz...»

07 fevereiro, 2006

Novos dias, soltos em paz

Silêncios mudos
polvilhados em pólvora

Juízes surdos
impiedosas minas

Olhares cegos
líquidos inflamáveis

Estranho em teus lençóis
praga pé de fungo

Civilizada desculpa
odor peste negra
insecticida letal

Palavra rastilho
remoinho infernal
detonas a bomba

Razão de ninguém
entendimento defunto.

Pinto esse negro d' azul
espalho pétalas brancas

Aguarda-se a mudança
em divórcio de manhãs
na magia da espera.


«...sem paz, querendo abraçá-la »

31 janeiro, 2006

Sumo fresco d' entusiasmo















gnome-look


São opções
todas as mudanças
se o desejo
é renascer.

O presente é liberdade
sons de seda.

O laço é felicidade
cores de cetim.

O embrulho é vida
águas desafio
cascata d' aromas.

30 janeiro, 2006

momentos inesperados

gnome-art

Procurei-te
Por todo o lado
Virei mundos
Naufraguei oceanos...

Querida pétala
Tão perto
Nem assim te vi !

Deste-me tua mão
Janelas abriste
Em dias sem rota.

Vislumbrámos
Águas transparentes
Tranquilos lagos.

Sempre que os dois
Abraçamos a realidade
Ela vibra
Atira-nos pétalas de cores
Encantados aromas.

Oiço um búzio
Deseja-nos baixinho
A menina serenidade
Nos beije o rosto.

29 janeiro, 2006

Devaneios em Sol #5b9

gnome-art

Tudo vai e volta
aparece e desaparece
sem darmos conta.

Na volta evapora-se...
nem sempre se forma,
em nosso desejo.

E é então que se revolta
esse anseio de desfigurar,
a solidão.

Depois de tudo arder
volto a estar contigo,
a sós...
só p'ra me sentir.

28 janeiro, 2006

Como produzir Lixívia

Pegue numas pérolas
dê aos porcos
ou às porcas,
tanto faz.

Uhm!
não possui pérolas?!
esses rubis servem
deposite-os carinhosamente
num monte de merda.

Tem um tesouro?
embrulhe-o em seda,
faça um belo presente,
pegue numa fita
crie um bonito laço
ofereça-o a uma estranha.

Não lhe pareçe correcto?
pois!
só nesta madrugada
me lembrei.

Crie uma obra d'arte
um poema, uma pintura
uma música, uma escultura
algo de si,
um aroma íntimo
envie a quem não merece
ou não conhece
aí funciona na perfeição.

Lixívia pura
tal como vender a alma ao Diabo?
Não!?
é pior!
é pagar p'ra ele a levar.

É ,
ele ou elas
vão acender a lareira
vão fazer o melhor que sabem,
almas tristes.
Lume!!!

E Pronto.
Depois de oferecer estes tesouros,
sente-se
beba um copo d' água,
pegue no mesmo copo vazio
abra a boca,
e volte a verter o líquido p'ró copo
et voilá :
lexívia pura.
Já pode desinfectar a casa.



« ...dedicado ao querido Leão SiM,
adorado 7/8...»

27 janeiro, 2006

Lobo actor

Queria esboçar um sorriso,
A tinta secou...

Cantar-te um bom dia,
Nessa guitarra sem cordas...

Quis olhar-te nos olhos,
Se o fizesse...
Queimava-te a alma.

Desejei abraçar-te,
Embora meus braços
Transpirem destruição.

Diabo d' actor
Guião em chamas...

Dança a ironia
Papel de Deus...

25 janeiro, 2006

De Lobo p' ra Lobo

gnome-art

Em teu funeral
levo aqueles sons.

Um cravo branco
só p'ra ti.

Visita desejada
um dia naufragou
por vontade própria
rochedo querido
nas profundezas d' oceano.

Neste covil
com a luas o pintas
de palácio
estendes tapeçarias
de cores orientais.

Caçador nato
aqui brilham tuas presas
cortinas ornamentais
banquetes tons de laranja.

Ao ver-te partir
vibro cordas
graves rarefacções
teu túmulo vai estremecer.

Se em meus olhos
espelhos d' alma
verterem lágrimas
bebo liberdade
brindo tua viagem.


«...dedicado ao Lobo nx5000 ...»

24 janeiro, 2006

Ode à fada Oriana

pequena fada
coração de gigante
tal como as montanhas
és génio
só ao longe te vislumbram
branco é tua cor
pensamentos em tons d' amarelo
fonte d' ideias brilhantes
só visionários as saboreiam
espiríto puro
todas as pétalas te amam.
Que Deus te envie brisas eternas.


«...dedicado à pequena fada,
mãos de cetim em mantos de seda,
minha querida irmã...»

23 janeiro, 2006

Ode à Felicidade















gnome-art


Em
sorrisos te mostras
leve pluma.

Tens
pézinhos de criança
pétalas d' alegria

És
nómada saltitante
sombra veloz.

Solta no oceano
agarra-me o vento.

Lamparina em sonhos
perde-te no tempo.

Puzzle fragmentado,
desejo-te ao relento.

Traça-me a rota
palácio labiríntico,
entusiasta 7/8 .



«...apesar d' inacabado,
sem a magia da fada Oriana
não resisti em publicá-lo...»

22 janeiro, 2006

O " social " renegado















gnome-art


A vida raptou-me
sociedade macabra
sementes d' sonho
nascem mortas.

Mato
busco o prazer,
possibilidades infinitas
nunca tive nada,
até o perder.

Comer?
só almas
Esperanças?
que um dia morra.

A mim
chamas-me terrorísta
semeas agonia
genocída dilacerante,
cáustico flagelo.

De ti sou filho
bastardo
aborto renegado
sangue do teu sangue.

Sede?
nunca vi água
afecto?
é algum planeta!

A todos
que te amam
com eles quero acabar.

Única sentença,
até que deixe
de respirar.

«...dedicado ao amigo nx5000...»

20 janeiro, 2006

Ode ao mano














gnome-art



Prisma visionário
enérgico sangue
dinâmico poeta
saltei da poeira,
mal tua mão agarrei.

Mestre d' alegria
mergulhámos no oceano
enquanto a brisa
nos acariciava a pele,
o pôr do sol
silênciava-nos a alma.

Ondas de sonho
todos esses momentos
brisas salgadas,
tão doces.

Que o destino triplique
tudo o que me deste
só Deus entende
o porquê de pintares
d' entusiasmo minha alma.

Assim o desejo,
cá dentro, p' ra ti.

Vadia ilusão















gnome-art



Dominas
és tu quem manda
mulher gelada
arrefeces a terra.

Um dia te hei-de ver
tropeçar,
nessa distância que crias
remoinho deformado.

Se amor d' Deus
é amor d' uma mulher
sagrado seja, se existe
o teu não,
dispenso.

19 janeiro, 2006

Ode ao grande espírito
















gnome-art



A ti que és grande
mãe em meus lençois
doce beijo d' irmã
pai em força
primo d' água.

Mãos d' artista
minha avó em ti acredita
um dia te hei-de agradecer
todas essas vadias ilusões
tropegas mulheres
que de mim afastaste.

Se me ouves,
assim te louvo.

18 janeiro, 2006

improvisação em Sol #5b9 menor













gnome-art


Sento-me e
oiço esse sabor.

Perdi-te
e achei-te
no mesmo dia.

Deito-me
provo esse aroma.

Observo tua sombra,
na noite
gotas de raiva,
entranhadas em meu ser.

Levanto-me,
escurece
heras de rancor.

Amanhece de surpresa,
parto.

Sento-me e estás
a meu lado
bendita solidão
só tu não foges.


Requiem em Sol #5b9 menor

Maldita !
sim, tu
nem sabes
julgas
tentas adivinhar
nunca te disse
nem no olhar.

Tens ancorada
uma bola de cristal
daltónica
monocromática ilusão
O meu desejo?
não é ter-te.
É, que o teu navio parta
e não me leve.

16 janeiro, 2006

mano mArCeLo

Voem pétalas
cantem os pássaros,
ondas d' embalar
o mar teu leito,
a alegria teu manjar.

14 janeiro, 2006

Ilusão ancorada

















M$
bonita mulher
linda £ibra
simples perfume.

Giro ecrã
cinema maravilha
luzinhas...

Clique aqui
clique ali
comprinhas...

Escudo razoável
disco €urótica
muito bom.

És erudita,
entendes?
claro que não.

Sempre fiável
importas tudo,
até doenças.

Acessível
sempre à mão,
efémero espírito.

Grande carro
telemóvel funcional
que chique
estúpida compaixão.

Símbolo banal
segredo decadente
urticária desilusão.

Rota do medo

Olhar de mafioso
se matasse,
apodreciam.

Mafioso medo
único sobrevivente
jamais alguém,
se aproximou.

Oásis longínquo
muitos houve,
sonharam contigo
ninguém te viu.

Olham-te
vêm
dúvidas
intransitáveis,
cobardes.

Ciclone
livre
intenso
de ti fogem.

A morte vive
espelhada em teu olhar.

Lobo selvagem
travas em ti
obscura batalha
d' eterna agonia
num vácuo dilacerante.

13 janeiro, 2006

Ironias do destino















gnome-art



Desejo tudo
nada me cabe,
nas mãos.

Chamei-te,
em teu navio
embarquei.

A mim não m' entendo
a ti
ser feminino
quando o deserto
se inundar
talvez te encontre
encharcada
de sede d' areia.


vou-me rir
hei-de ser camelo
água?
só p'rás jarras
até alguém,
as quebrar.

Fui músico surdo,
mudo
quando pintava.

Agora,
que sou cego
escrevo.

o meu sonho?
quero ser escultor,
fazer de mim gente.

12 janeiro, 2006

Variações em sol #5b9 menor

«...atmosfera dissonante

Em casa entro
já lá respiras
só mais tarde,
te vejo.

Estranha hora,
errado dia
dei-te
essas chaves.

Agonia sem água
calor amargo
que me atormenta
nestes dias
suados de frio.

Se
na luz do dia,
te desejo.

Em noites
silênciosas
vens,
p'ra jantar.

Vazio
que sentes,
se na rua dormes.

Contigo vem
de mãos dadas
ácido travo
amorfo banquete,
sem luar.

Vesti-te d' açucar,
alkohul em pó,
suguei-te esse sal,
picante líquido tóxico.

Dizes-me :
"amigo"
em visita venho
nessas alturas
doce palavra
consegues matar.

Prelúdio em sol #5b9 menor













gnome-art

«...contratempo assíncrono

fugitivo,
sempre o fui
p'ra todo o lado,
comigo viajas,
enclausurei-te
assim te queria,
pássaro doméstico.

Um destes dias
abri mão de ti mão
triste animal
esculpi-te asas
pintei de sombras,
teu rosto

foste musa,
sons de guitarra,
toquei,
p'ra te embalar
foste,
em tempos
minha amante.

Abro-te essa janela
podes partir.

08 janeiro, 2006

Ode à pequena pétala















gnome-art


Leva-me em tuas mãos
embala-me,
p'ra q' adormeça

afaga meus cabelos,
verdes aromas d' vida

abraça-me
a teu peito,
d´ águas cintilantes

eterna pétala
colorida.

07 janeiro, 2006

hoje, comigo...















gnome-art



Suco fresco
d' verde maçã
essa brisa suave,

acaricia-me a pele
beija-me a alma.

estás longe...
sinto-te,
cá dentro,
pétala perfumada,

hoje dormes,
a meu lado.