Parado o Navio
Lancei a âncora
Atracado na foz
Onde desaguam águas
Deixo as margens,
E mergulho.
Por momentos sou rio
Ao sabor da corrente
Conta-me ele uma história,
Viu certo dia uma nuvem
Pequenina,
Leve pluma branca
Espelhada nas águas.
Seu trilho seguiu
Até ela desaparecer.
Pelo meio das pedritas
Chorou nessas noites
Lágrimas sem rumo
Na rota da foz.
Sua frescura dinâmica,
Na áspera saudade
Acabou por aquecê-lo
Emergindo nevoiro em vapor.
Ao romper d' aurora
Choveu,
Caíram pingos e gotas
Seu leito transbordou.
Afogando sua tristeza
Nos remoinhos solitário
Entre a geada que sobrevoa
No parto das manhãs.
Ao culminar da tarde
Nevou,
Um Manto hirto crispado
Gelou seus lençóis
Nos declives acentuados.
Ao passar arqueado,
No arcos daquela ponte,
Focado no precipício
Nesse vago instante.
Captou a pura essência
Entre ele e a nuvem
Em neve ou em chuva
Diferentes formas.
Única matéria.
Uma só,
Água.
Subindo falésias
Descendo rápidos
Voando,
Ladeada de pássaros
O mesmo ser uno.
.
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