05 julho, 2008

Nascer de Novo

Entras em casa
A solidão queima
Tua alma oxida
Na memória
Fracassos ridículos
Em que embarcaste
Quando tudo se foi.

Nada resta na noite
Só esse vazio ermo
Num desespero ácido
Que aqui se acende

De tão frio congela
Queimou tua mansão
Seja ela verdadeira
Ou perfeita ilusão.

Tectos sem paredes
Impávidos e mudos
Olham-te
E nada dizem
Sussurram entredentes
No ranger das portas.

Num latejar irritante
Ressoa a tortura
Dos tambores
Que jamais queres ouvir
Numa áspera podridão.

Tempera com sal
Procura o azeite
Que o vinagre nesta vida
É à borla

Se encontrares açúcar
Guarda-o 
Como as formigas

Dos outros temperos
Guarda os sabores
E vigor nos sentidos
Porque os cheiros voam

Estás perto
É a tua água
É d' onde vens
És de resto tu,
Só tu,
Quem vais.
.

1 comentário:

Ana Paula Dias disse...

Olá!
Finalmente regressaram os poemas. Valeu a pena a espera!

"Conheço cada vez melhor aquilo que de mim se despede e não regressa, e aquilo que rensace a algures onde já não estou" - é o que se me oferece constatar neste poema.
Não sei quem escreveu esta frase que nestes dias me veio parar às mãos, mas acho que tem tudo a ver com este "Nascer de Novo": afinal nascemos mais do que uma vez! Será que também morremos mais doq ue uma vez?

Bjs
Coruja